Fiz que sim com a cabeça, com a plena convicção que o desobedeceria em breve.
Encarei minha ferida por alguns segundos e nos momentos seguintes gastei minhas energias para reclamar o quanto ela incomodava. Ao invés de cuidá-la e agradecer por todo o resto que se manteve intacto.
Como era previsto, um cascão surgiu para proteger minha ferida. E eu, estupidamente, o tirei dali.
Isso fez com que a dor percorresse o lugar e o sangue escorresse novamente.
Acaba de ferir minha ferida.
Falando assim, parece uma redundante e sem sentido. Mas garanto que já fizemos isso em algum momento, mesmo sem perceber.
Contudo, a natureza é bondosa e logo outro cascão surgiu. E o que eu fiz? O retire! Assim como fiz com seu antecessor.
Senti a dor e o sangue escorrer mais uma vez.
O cascão, insistente, retornava para cumprir sua missão de curar-me. Eu, tão tolo, não permitia ser curado! Arrancava-lhe!
Aquela dor me afligiu por inúmeras vezes, por que eu sempre remoía aquela ferida.
Assim como o cascão, é o perdão.
Que nada mais é do que a oportunidade que damos a uma ferida de cicatrizar-se e não doer mais. Isso não apagará as memorias em sua mente, e nem transforma tudo o que passou, mas é essencial para que as coisas fluam. O perdão é uma chance que damos a nós mesmos. É uma cura para si!
Então, da próxima vez que se machucar lembre-se:
-Não mexa no cascão.