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domingo, 25 de setembro de 2016

Por trás do silêncio

Era noite.
A rua estava isolada e o esgoto seguia o seu curso rua abaixo, ziguezagueando pelos buracos. Não havia asfalto, ou calçada. Apenas uma porta separava o meu barraco do mundo. Imundo. 
O som que irrompeu a noite me trouxe uma triste convicção.
Morria um irmão a tiros na rua de trás.
Meus músculos se contraíram. O cano ainda devia estar quente e sua vida devia estar escorrendo rua abaixo, ziguezagueando pelos buracos. 
O silêncio era onipresente. Assim como as vozes caladas pelo medo, os sonhos sufocados pela realidade e a ganancia que era capaz de sobrepor os esforços de algo honesto. 
O silêncio era onipresente. Assim como o medo daqueles que temiam, como o temor daqueles que temiam temer... 
Por trás do silêncio meu destino vinha sendo escrito.
Me escondi entre a cama e o fogão. Estava escuro, não tinha luz no barraco. Não iam me encontrar!

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