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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A herança: uma flor

Eu não havia ido muito longe, estava ali, diante do meu jardim, parado, sentindo aquelas pesadas gotas irem de encontro ao meu rosto, enquanto eu a encarava sem esboçar nenhuma reação.
Ela esta ali, linda, singela, com uma energia radiante que lhe proporcionava um brilho único.
Como isso era possível?
Tudo estava desmoronando quando eu a notei pela primeira vez, mas nunca havia lhe dado chances de preencher a lacuna em meu coração e se tornasse algo mais para mim. E assim eu a ignorei, deixando-a de fora da minha casa, da minha vida, do meu coração mofado.

E mesmo assim ela estava ali, depois de tanto tempo, depois de tanta indiferença, ela estava ali.Como uma luz no fim do túnel em meio aquele dia cinza.
Percebo naquele momento que durante todo o tempo eu podia ter transformado a água em algo vivo, ao invés de puro mofo. O problema não era a chuva, mas sim no que eu acabei por transforma-la. E assim  aquelas lágrimas trasbordaram pelos meus olhos e percorreram minha face até se perderem para sempre num salto que terminaria com seu encontro com o chão,o gosto estranho que elas tinhas me fez pensar que naquele momento o mofo do meu coração começava a ser posto pra fora. E  foi ai que olhei para ela, disposto a cumprir a promessa que fiz a sua antiga dona de cuidar dela para sempre. Aceitando assim a minha herança: uma flor.

2 comentários:

  1. Essa crônica é uma continuação de: O homem, o mofo e o guarda-chuva.
    http://meucoracaonacaneta.blogspot.com.br/2013/08/o-homem-o-mofo-e-o-guarda-chuva.html

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  2. É um belo texto, e como continuação ficou ainda mais lindo. Um complemento sensacional.

    Té mais...
    http://bmelo42.blogspot.com.br/

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