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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O ultimo pôr-do-sol



Era noite e mesmo assim o céu tinha um tom alaranjado, apenas uma estrela brilhava no firmamento.
Um medo me invadia e uma angustia corroía meu peito. Em meio aquele caos, penso que seria uma grande ironia do destino se eu viesse a morrer, literalmente, de arrependimento.
As pessoas corriam de uma lado para o outro sem saber para onde ir, carros estavam virados de ponta a cabeça enquanto outros eram consumidos pelas chamas, as vitrines das lojas estavam destruídas e uma velha estatua acabava de tombar ao meu lado.
Mas eu continuava ali, inerte, no meio da rua.

Perguntava-me naquele momento do que havia me valido todas aquelas horas de trabalho intermináveis, a ausência nos almoços de família e a abdicação de tantos sonhos pelo futuro...
Futuro esse que não chegou, que nunca mais chegaria. Futuro esse que ficou perdido no tempo. Sem nenhum valor, assim como a infinidade de planos e metas que viriam com ele.
Lembro-me que uma vez havia criticado duramente um funcionário que havia se ausentado de um dia de trabalho com o pretexto de que havia marcado de ver o pôr-do-sol com a família.
" O sol se põe todos os dias. " Foi o que disse, enquanto ele saia pela porta da empresa para nunca mais voltar.
Arrependo-me amargamente por todas as coisas que não fiz...
Por não ter ido ver o jogo de futebol do meu filho no colégio, por não ter dito a minha mulher o quando eu a amava, por nunca aparecer no almoço de domingo na casa dos meus pais e por sacrificar tanto meus sonhos.
Queri voltar no tempo e poder mudar tudo, mas a vida não costuma nós dar uma segunda chance.
Então me sentei ali mesmo, na calçada, não havia mais o que se fazer e assim fico ali, vislumbrando o ultimo pôr-do-sol. Até ele se perder no horizonte e a ultima estrela se apagar.
Fecho meus olhos e me sinto engolido pela escuridão. Nada mais fazia sentido e perceber isso faz com que uma lágrima escorra pelo meu rosto.
Os estrondos que se seguiram depois fizeram com que eu abrisse meus olhos assustado.
Estava deitado no sofá e as pessoas na rua cumprimentavam a chegada do novo ano com uma queima de fogos.
Eu soava frio e tentava me orientar.Na televisão, uma repórter falava sobro réveillon em minha cidade , mas eu me concentrei apenas na pergunta que encerrava a matéria: O que você deseja fazer nesse novo ano? - Perguntava ela encarando a câmera.
Noto que a vida havia me da
do uma segunda chance e eu sabia exatamente o que fazer...

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